Veio ter comigo ontem à noite, em meu sonho, um amigo de quem ando afastado e por quem nutro muitas saudades. Pediu conselho inusitado: como trabalhasse analisando papéis numa empresa em Campo Grande, todos os dias um táxi fretado o levava para o Santos Dumont, onde embarcava num jatinho. Alguns minutos depois, descia num aeroporto na Zona Oeste, no qual havia outro táxi o aguardando para conduzi-lo ao destino final. Indagou-me se não seria mais interessante guiar, ele mesmo, seu próprio carro, e ir ziguezagueando pelas ruas internas para escapar dos engarrafamentos. Evidentemente, argumentei que deveria ser muito mais interessante poder andar de avião cotidianamente. Ele, em resposta, usou de metáfora futebolística para ilustrar seu dilema, e rimo-nos muito – mais ele que eu – e bebemos chopp na Cobal. Rimos, também, da feiúra da Cobal. E eu fiquei pensando, depois, em como os papéis que ele analisava eram importantes.
(imagem: Paul Klee, O peixe dourado, 1925/26, 50 X 69 cm)
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