sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Uma Arte

(Elizabeth Bishop - trad. por mim*)

Não é difícil ser experto na arte de perder;
Há tantas coisas que parecem estar impregnadas de um propósito intrínseco
de serem perdidas, que sua perda afinal não é nenhum desastre.

Perca algo todos os dias. Resigne-se ante a agonia
da perda das chaves das portas, das horas mal aproveitadas.
Não é difícil ser experto na arte de perder.

Em seguida, exercite perder coisas de maior vulto, e mais rapidamente:
lugares, e nomes, e os destinos para os quais pretendia
viajar. Nada disso irá causar desastre algum.

Eu perdi o relógio da minha mãe. E veja só! Perdi a última – ou a
penúltima? – de três casas que eu adorava.
Não é difícil ser experto na arte de perder.

Eu perdi duas cidades, encantadoras. E, mais ainda,
alguns reinos que eu dominava, dois rios, um continente.
Eu os perdi todos, mas não foi desastre algum.

- Até mesmo perder você (aquela voz engraçada fazendo troça, o jeitinho
que eu amo), eu não haverei de mentir. É evidente que
não é tão difícil ser experto na arte de perder,
muito embora ela possa de fato parecer (tome nota!) ser semelhante a um desastre.


* Infelizmente sem metrificação nem rimas...

2 comentários:

Arthur disse...

Eu perdi a hora hoje, consequentemente perdi uma manhã de sol, perdi horas pra resolver pendências... tudo por causa de alguns momentos a mais na cama... que, irônicamente, ganhei!

Gustavo Santão disse...

hehehe :)

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Rio de Janeiro, RJ, Brazil