Pode-se prometer ações, mas não sentimentos, pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre ou odiá-lo sempre ou ser-lhe fiel, promete algo que não está em seu poder; o que pode perfeitamente prometer são ações que, na verdade, são geralmente as consequências do amor, do ódio, da fidelidade, mas que também podem provir de outros motivos, pois a uma só ação conduzem diversos caminhos e motivos.
A promessa de amar alguém sempre significa, portanto: enquanto eu te amar, te mostrarei as ações do amor; se não te amar mais, continuarás no entanto a receber de mim as mesmas ações, embora por outros motivos; de modo que na cabeça dos outros persiste a aparência de que o amor estaria inalterado e sempre o mesmo.
Promete-se, portanto, a persistência da aparência do amor, quando, sem deslumbrar-se a si mesmo, se jura a alguém amor eterno." (Nietzsche, em 'Humano, demasiado humano')
(Clara Nunes, "Mente", composição de Eduardo Gudin e Paulo Vanzolini)
Nenhum comentário:
Postar um comentário